sexta-feira, 25 de maio de 2012


Senta que lá vem história


Mesmo pendendo para a “arte” do Urbanismo, sempre tive fascínio pela História da Arte e da Arquitetura, mas agia com certo preconceito sobre a História do Mobiliário. Com o tempo, fui convencida que todas essas “artes” estão totalmente interligadas e contam, de maneira sutil, como pensamos e vivemos.
Os móveis são mais que simples objetos integrados à decoração, eles refletem preferências e estilos, servindo como narrativas de períodos, movimentos e sociedades e pode nos contar histórias, como a hierarquia social. Embora o mobiliário não seja necessário para a existência humana em algumas culturas (especialmente as nômades), são elementos fundamentais para a compreensão da história da humanidade.
Para sintetizar essa narrativa, trago uma linha do tempo que conta, através de modelos de móveis de assento, os estilos que compõem a história do mobiliário.
Fonte: elaborado pela autora


Egito
Os tronos e cadeiras cerimoniais eram revestidos de ouro e prata, enquanto a mobília utilitária possuía poucas decorações. (Geralmente, o mobiliário egípcio era para ser guardado e não usado, pois acreditavam que usariam na vida após a morte).
TRONO DE TUTANCÁMON - XVII DINASTIA - 1300 a.C
Grécia
 As cadeiras são divididas em modelos de honra – usadas em cerimoniais ao ar livre – e de uso comum. O mobiliário grego possui proporções mais harmônicas, com assentos mais baixos e dimensões menores do que os modelos egípcios. (a cadeira klismos era voltada ao universo feminino!).
CADEIRA KLISMOS – Séc IV.
Roma
Entre os móveis de assento, o lectus era um dos mais importantes, presente na maioria das casas romanas. Suas funções eram variadas: descanso, fazer refeições e conversar (seminários) e utilizado como assento e repouso, sobretudo em cerimônias e banquetes. (As mulheres que sentavam no lectus, não eram bem vistas!).
SOFÁ LECTUS - Séc. V
Bizancio
O trono de Maximiano é uma escultura em relevo de marfim projetado para uso da igreja, mas mostra a decoração rica e elegante do mobiliário bizantino. (O uso das cores era muito presente, tanto nas construções e objetos).
TRONO DE MAXIMIANO - Séc. VI
 Idade Média
Era comum modelos dobráveis ou desmontáveis, mobílias transportadas em viagens, com múltiplas funções, como móveis de assento servindo para guardar ou armazenar utensílios. (Considerada a Idade das Trevas, a Idade Média trouxe uma “luz” para a história do mobiliário).
TRONO DE DAGOBERTO - Séc. IX
Renascimento
Os móveis deixam de ser peças isoladas e tornam-se parte do projeto da residência. A mobília de luxo, ainda é rara, prevalecendo características ainda medievais no mobiliário. (No Renascimento, a casa renascia!).
CADEIRA SAVONAROLA - Séc.XVI
Barroco
Os móveis de assento modificaram-se sob influência do comércio com o Oriente e os encostos vazados da Índia, como forma de diferenciar as peças e também economizar nos materiais empregados.  (O exagero do Barroco era visível até na falta de proporção do mobiliário!)
CADEIRA MODELO MAROT - Séc.XVII.
Império
No estilo Império nota-se a predileção por cores escuras e fortes, um mobiliário mostrando, inclusive, ornamento de caráter revolucionário e militar. (Esse estilo demonstra força e poder, até numa simples poltrona!).
POLTRONA MODELO IMPÉRIO - Séc.XVIII
Rococó
O mobiliário rococó corresponde aos padrões da etiqueta e do comportamento da corte, demonstrando a preocupação com o conforto e a privacidade. (As noções de conforto do Rococó são mais próximas às nossas e a questão de etiqueta é visível na delicadeza de uma poltrona!).
POLTRONA MODELO BERGERE - Séc.XVI
Neoclassicismo
O Neoclassicismo, o novo classicismo, buscava com as referências clássicas uma revalorização dos princípios da arte como fonte de inspiração – móveis influenciados pela arte grega, romana, renascentista e barroca. (Numa simples cadeira, podemos enxergar uma mistura de épocas e estilos!).
POLTRONA MODELO HEPPLEWHITE - Séc.XIX

Art Nouveau

Art Nouveau (Arte Nova) não pretendia revalorizar estilos passados, mas criar algo realmente novo que traduzisse o clima da época, cultural e tecnológica.  (Diferente de outros estilos, essa nova arte inova nas formas, mas não tanto nos materiais!).
CADEIRA GAILLARD - 1900
Funcionalismo
O funcionalismo é marcado por um período entre-guerras, com modificações políticas, econômicas, sociais e culturais, de forma racional, guiada por seu ideal utilitário. (Nota-se que a cadeira é projetada com o mínimo material possível, para que possa ser reproduzida em série, com custos menores!).
POLTRONA WASSILY - 1925
Art Déco
O estilo Art Déco caracteriza-se por formas geométricas e linhas retas, solidez, volumes e planos sobrepostos, associado à percepção da vida urbana, da agitação das grandes cidades, dos altos edifícios imponentes no cenário urbano. (Parece um tipo de poltrona familiar, simples de ser encontrada numa residência comum na nossa sociedade!).
POLTRONA RUHLMANN – MEADOS DE 1930.
Organicismo
Pretendia-se captar algo do espírito da natureza, como o próprio edifício se ligava ao ambiente através da harmonia das suas proporções, uso de materiais e cor. (A forma de ovo de uma cadeira pode ser considerada uma “arte manisfesto”!).
POLTRONA EGG - 1957
Deconstrutivismo
O Deconstrutivismo nega a unidade e a ordem, rompe com as formas tradicionais, questiona a estabilidade, ordem, pureza e harmonia; e revela a debilidade da tradição.(O construir do desconstruir!).
CADEIRA WIGGLE SIDE - 1972
Minimalismo
Apresenta um mínimo de elaboração formal e o máximo de utilização de materiais industrializados, repetição de elementos, utilização de padrões matemáticos e geométricos. (Quanto menos, melhor!).
CADEIRA DUDD #72 - 1979
Ultratecnicismo
A solução dos problemas espaciais deveria acontecer através de materiais e  métodos construtivos  altamente  industrializados,  priorizando a perfeição técnica, o pragmatismo, o universalismo, o abstracionismo e a ênfase na analogia mecânica. (A tecnologia invade o mobiliário!).
POLTRONA WELL TEMPERED - 1986
Pós – Modernismo
O Pós-Modernismo não pretende substituir o modernismo, mas defende uma revisão de seus pressupostos, liberando a relação forma e função e revalorizando da História. (Um questionamento sobre a racionalidade!).
CADEIRA LOUIS GHOST - 2002
É importante lembrar que essa divisão do tempo por estilos é uma maneira didática para explicar os acontecimentos durante a história, no entanto, é impossível saber quando realmente começou e terminou uma determinada maneira de viver.
Então, taverneiros, peguem uma cadeira e sentem-se, ouça
 fonte:
http://tavernafilosofica.wordpress.com/2011/06/18/senta-que-la-vem-historia/#more-654

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